
Quando uma educação é baseada no medo, criamos um abismo entre pais e filhos. A criança deixa de confiar, passa a se moldar para evitar punições e, muitas vezes, não compreende de fato o que é certo ou errado. Em vez de aprender a tomar boas decisões por si mesma, ela obedece por receio ou se rebela para reafirmar sua identidade. Essa desconexão emocional pode gerar ao longo do seu desenvolvimento insegurança, dificuldade em expressar sentimentos e até problemas de autoestima, pois a criança cresce sem se sentir realmente vista e compreendida.
Entenda! Não existe um método único ou uma receita pronta para educar um filho. Cada criança é única, com seu próprio ritmo de aprendizado, temperamento, especificidade e necessidades. O que nós, profissionais, podemos oferecer a família são caminhos baseados na ciência e no entendimento das características individuais da criança. Mas nada substitui a disponibilidade, a presença ativa e a observação atenta dos pais. Esses três pilares permitem entender o que funciona para aquele filho específico, naquele momento da vida.
A infância é um direito, e toda criança precisa de espaço para errar, testar limites e amadurecer no seu tempo. Antes de impor regras rígidas, é essencial que os pais observem. Como seu filho expressa emoções? Ele é mais sensível e introspectivo ou enérgico e impulsivo? Como reage às frustrações? Nem toda birra é teimosia; muitas vezes, é apenas uma tentativa de se comunicar diante de algo que ainda ela não sabe nomear. Quando os pais compreendem isso, a relação se torna mais empática e próxima.
Atenção! Toda vez que um pai, mãe ou professor reage com irritação e desconta sua raiva ou frustração na criança, ele a coloca em um estado de tensão e insegurança. A criança pode começar a enxergar a si mesma e ao mundo de forma distorcida, carregando esse impacto como um trauma inesquecível.

Antes de jogar sua raiva para fora, vale a reflexão: esse sentimento foi realmente causado pela criança ou vem de frustrações acumuladas? Respirar fundo, silenciar-se por um momento e se dar a chance de reagir com mais consciência pode evitar palavras duras e ações que, ao invés de educar, machucam.
Logo, quando precisar expressar insatisfação, busque equilibrar a correção com o elogio. Demonstre o que a criança tem de bom e onde é forte, antes de apontar o que causou desconforto. Valorize suas qualidades, mostrando de forma clara onde ela é potente e capaz, para em seguida explicar o que não foi adequado. Ao fazer isso, você se torna a paciência que talvez os seus pais não tenham tido para corrigir os seus próprios erros. Use histórias, ilustre com exemplos e faça perguntas que estimulem a reflexão. Extrair da criança o conteúdo do que está sendo discutido e pedir para ela se colocar no lugar do personagem pode ser uma poderosa ferramenta de aprendizado.
Cuidado para não confundir com complacência ou permissividade. É fundamental mostrar que, embora valorize a criança, você também não gostou da atitude. Quando há uma atitude equilibrada de valorização da criança e correção, o resultado tende a ser sempre uma reflexão positiva e construtiva.
A conexão entre pais e filhos se constrói no dia a dia, na escuta verdadeira, no olhar atento, na forma como os adultos lidam com os erros e ensinam sobre o mundo. Trocar o medo pelo diálogo fortalece o vínculo e ensina a criança a confiar. Modelar o respeito é muito mais eficaz do que exigi-lo. Quando os pais falam com firmeza, mas sem agressividade, e estabelecem limites explicando os motivos, a criança aprende de maneira mais segura e consciente. Estar presente de verdade, demonstrando interesse genuíno pelo que o filho sente e pensa, é o que realmente faz a diferença.
Educar não é controlar. É guiar, proteger e ensinar com conexão e respeito. Afinal, a forma como tratamos nossos filhos hoje definirá como eles se verão no futuro.
Me conta, o que achou dessas reflexões e qual atitude está tendo frente aos desafios da parentalidade consciente?
Até a próxima!
Evelyn de Paula Pereira
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