Os efeitos do bullying no cérebro infantil e como o cuidado integrado pode transformar essa dor em potência
- evelyn442
- 29 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: há 5 dias

Como educadora física e terapeuta psicomotora, aprendi ao longo da minha carreira a observar atentamente as nuances do comportamento motor, gestual e das expressões corporais da criança. Esses sinais costumam ser os primeiros a se alterar quando há algo fora do lugar, uma dificuldade, medo ou insegurança. A criança ainda não consegue nomear, relatar ou lidar com uma dor emocional que está oculta, ela se fecha, mas o corpo fala.
Às vezes, acreditamos que a criança está bem, mas há um sofrimento silencioso, que se manifesta na apatia, no isolamento ou até na raiva. O bullying é uma das causas frequentes desse sofrimento. Esse tipo de estresse tóxico pode começar em casa, mas é muito comum no ambiente escolar ou social, onde classificações, exclusões e humilhações deixam marcas profundas.
"Toda criança precisa de pelo menos um adulto que a enxergue com os olhos do coração." Urie Bronfenbrenner, psicólogo do desenvolvimento
O bullying afeta diretamente áreas cerebrais relacionadas à regulação emocional, ao aprendizado e à memória, como o sistema límbico, o córtex pré-frontal e o hipocampo. Crianças expostas ao bullying crônico apresentam níveis elevados de cortisol, o hormônio do estresse, o que pode comprometer o desenvolvimento saudável do cérebro e impactar sua autoestima, segurança e capacidade de socialização.
É por isso que o tratamento precisa ir além da conversa com a família . A combinação entre psicoterapia e terapia psicomotora é extremamente potente nesse processo. Através do movimento, dos jogos simbólicos e do diálogo sensível, a criança pode reencontrar seu valor, se reconhecer em suas potências e aprender a elaborar o que antes era apenas dor.
O papel da família também é essencial. Quando os pais se tornam agentes de escuta ativa, afeto e validação, por meio de um vínculo de apego seguro , a criança ganha um lugar de acolhimento onde se sente vista, amada e fortalecida para enfrentar seus desafios.
Tratar o bullying é urgente. Mais do que lidar com um “comportamento difícil”, é oferecer uma chance real de reconstrução emocional, de resgate da autoestima e de desenvolvimento pleno.
"Experiências adversas na infância, como o bullying, não são apenas lembranças ruins — elas moldam o corpo, o cérebro e o comportamento." (Bessel van der Kolk, psiquiatra, autor de O Corpo Guarda as Marcas)
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