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O que ensinamos a uma criança será o seu reflexo no mundo


A moda do momento nas redes sociais parece algo inofensivo, uma brincadeira divertida em família. Será?


Quem já viu a "trend do banheiro", onde os pais permitem que seus filhos falem palavrões para depois assistirem e expor um filho nas redes sociais. Crianças na primeira infância sendo expostas de forma irresponsável , por que supostamente estão "brincando" com os filhos e adquirir "Likes".


O que a infância precisa é de base familiar sólida e não frágil . Sempre digo e vejo nitidamente no dia a dia até do meu trabalho que os filhos são reflexos da criação dos pais. Quantas vezes vi crianças no começo de suas vidas agindo com comportamento que aprendem em casa com os pais. Quantas vezes vi crianças de 2 e 3 anos sendo agressivas, por que em em casa sua educação era repressora e ríspida. Já ouvi coisas absurdas de pais e familiares com boa condição de vida completamente fora da curva, o que mostra o quanto nossa sociedade está carente de estrutura familiar e vou citar alguns exemplos de pérolas ao longo da minha jornada como professora e psicomotricista:


1) " Ah! Para quê meninos precisam brincar de casinha, isso é coisa de mulherzinha". Minha resposta: " Brincar de casinha não depende de sexo, mas ensina a criança como se relacionar em família, de ter cuidado com o outro, respeito e dividir. Outra ponto, o menino será um homem que constituirá família, e por isso precisa ensinar o valor de um lar, valor de mundo e como tratar uma mulher, você não acha?"


2) Um bebê que não tinha comportamento social por repressão da avó, o que pra mim se tornou mais grave por ser profissional da saúde mental. Numa reunião junto aos pais " Não suporto ver meu neto chorando e sofrendo, ele não pode chorar" . Obs: os pais estavam presentes no ambiente calados sem qualquer atitude. Era nítido que quem criava o neto era a avó. O que é um absurdo delegar essa responsabilidade aos avós, até porque a educação mudou absurdamente de uma geração para outra. Resposta: " A criança em sofrimento evita a escola. Seu neto tem dificuldade de trocas sociais por que procura colo o tempo todo quando se frusta, por baixa tolerância de tentar aprender coisas novas sem sair da zona de conforto para ir em busca do que quer porque espera que façam por ele o que é capaz de fazer por si. Ele espera que validem a sua dificuldade, o que vai contra ao que é educar para o mundo. Devemos ajudar o bebê e criança a lidar com o mundo, bem como suas frustrações para desenvolver competências socioemocionais, tão procurada no mercado de trabalho hoje." ( Leiam livros Daniel Goleman)


3) Uma criança de 4 anos com características individualistas que adorava chamar a atenção para si para ser atendida em todas as suas necessidades, o que dentro de uma ambiente social tinha dificuldade em seguir regras sociais. A mãe me diz "pode dar bronca mesmo no meu filho, ele é impossível e em casa também. Não sei lidar com ele o que você sugere?" Resposta: "Que ao invés de gritos, falta de falta de paciência, ou dar tudo de forma fácil para ele parar de gritar, ensine o que é limite, ensine a ele se expressar de forma saudável, proporcione a ele mini tarefas em casa e coloque o que dentro do lar é permitido e o que não é permitido. Ao fazer todas as vontades de uma criança, você ensinará que ele não precisa lutar para conseguir o que deseja e talvez desista de tudo com facilidade na primeira dificuldade, com isso, terá mais dificuldade de valorizar as coisas e pessoas. E consequentemente, na vida adulta terá dificuldade em lidar com os "nãos" do mundo. O que pode gerar quadros depressivos e de baixa autoestima. Após algumas semanas sentada esperando meu horário. Observei o comportamento da mãe enquanto conversava. E advinha! Era a réplica do seu filho. Chamar atenção para ser evidenciada de forma impositiva e com gritos não sabendo ouvir não quando contrariada suas vontades absurdas dentro do ambiente escolar."


4) O mais grave mãe leva um filho de 1 ano e meio para aula coletiva, senta, e em nenhum momento se conecta a criança. O bebê muito agitado explorando o ambiente, em nenhum momento teve o acolhimento dessa mãe. O que era nítido sua dificuldade de vínculo e diálogo tônico. Ficou elogiando todas as crianças que já estavam ali ao seu redor, mas não conseguia expressar o mesmo pelo filho, era nítido a falta de conexão. Em determinado momento, ela grita e dá um tapa na mão do bebê, sai da sala bate a porta e grita com o bebê fora da sala. Todos ali , inclusive eu ficaram chocados. Sua frase me chamou atenção e as mães tentaram dar apoio. " todos brincam juntos , sentam e interagem, que gracinha, mas meu filho não". Todas naquele momento disseram chame ele , precisa ter paciência. Por um lado, senti muito orgulho das mães que interiorizam o conceito do meu trabalho. Já por outro, triste por ver uma mãe ainda inconsciente de que ali havia algo a ser trabalhado na sua relação com seu bebê. Minha orientação naquele momentos foi acolher. " Busque formas de conectar com seu filho em algum momento do seu dia, no banho, no jantar, no brincar antes de dormir. Se sentir dificuldade para lidar com ele nesta fase busque ajuda profissional para entender como funciona seu filho e também para ajudar nas suas dificuldades enquanto mãe de primeira viagem." Ela no momentos de conexão dava o celular para ele ficar quieto. O que faz total sentido o seu comportamento em ambiente social. Então, como construir vínculo afetivo se para ficar quieto e não se comunicar com a criança a mãe o afasta com o celular? Como espera que a criança se relacione se ela houve "não" o tempo todo e gritos dos pais? Educar é dialogar, não repreender. Sempre oriento os pais a fazer perguntas a criança "e se fosse..." . Para crianças de 1 a 4 anos conte história e converse sobre o assunto e module o comportamento positivo através dela, sempre acolhendo e trocando e não repreendendo. Após dias dessas orientações a interpretação dessa mãe foi completamente oposta a minha intenção, infelizmente. Tudo por que provavelmente fui a única pessoa que enxergou sua dificuldade real, na qual não estava pronta para lidar naquele momento.


Esses foram alguns casos, existem muitos outros que dentro da profissão temos que lidar , independente se é intervenção ou terapia psicomotora. O corpo, os gestos e as expressões da criança falam e se comunicam o tempo todo com as pessoas. E muitas vezes não temos o apoio e parceira da família, talvez por ainda ser inconscientes do verdadeiro significado do que é educar um filho para ser no mundo que já está tóxico e carente do que é essencial para um ser humano ter bases sólidas no afeto, no diálogo, na autoconfiança para lidar com pessoas e o mundo a sua volta.


Então, pergunto "qual a necessidade de expor uma criança a cometer este tipo de ação a ponto de ir contra ao que os pais mesmo dizem que não é adequado xingar o próximo ou prejudicar o outro?" Isso só mostra o quanto a base familiar está doente e não pensa nas consequências de suas ações. É preciso resgatar valores salutares para a infância , o brincar, o experimentar, o explorar e o sentir. Não adultilize a criança antes do tempo. A infância é breve e não volta nunca mais, por isso, deixe o seu tempo e legado com valores reais e que torne um filho realmente potente no mundo.


LEMBRE-SE: "A educação de base começa em casa com os pais. É lapidada pela escola. E externalizada nos ambientes e pessoas em que vive e se relaciona. Não reclame depois dos resultados."


Cuide de sua família, cuide da infância! Encontre o equilíbrio para atuar como pais formadores.


Agora me diz, chegou a ver essa trend?

Achou exagerado meu comentário?


Abraços,

Evelyn de Paula Pereira

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